sábado, 23 de maio de 2015
De onde veio a ideia de trabalhar Cidade Cega?
Então,
em 2013, no interior do estado de São Paulo, na cidade de Itapetininga,
realizei um projeto intitulado Tecendo a nossa
história, que contou com a participação da comunidade, tanto da zona
urbana, quanto rural, e com os alunos do Centro de Pesquisa e Reabilitação
Visual – CEPREVI. O projeto que teve apoio da Fundação Nacional de Arte -
Funarte, resultou-se em um documentário, cuja as gravações das entrevistas, da
cidade de Itapetininga, os registros históricos foram realizados pelos (as)
alunos (as) participantes. O objetivo maior da vivência do projeto Interações Estéticas era pensar na
relação da zona rural e urbana da cidade, uma vez que, no estado de São Paulo,
Itapetininga está como uma das maiores cidades que possui um território rural.
Em
vista disso, o início da proposta era justamente identificar o processo
evolutivo da cidade, buscando o contraponto entre esses dois polos Rural e
Urbano. Mas, quando fomos, – fomos é igual a Priscilla Leal e eu –, iniciar o
projeto e conhecer o Ponto de Cultura Meninos da Porteira, nos deparamos com um
espaço de estudo e reabilitação visual, ou seja, era uma instituição que
trabalhava com pessoas cegas e de baixa visão. O projeto inicial enviado para
Funarte nem se quer mencionava a questão de trabalhar com pessoas com
deficiência, independente de qual deficiência fosse, entretanto, movido por um
desejo e por ter experiência alguns anos com o público deficiente, em conversa
com minha companheira e acordado entre ambos, convidei-os para participar do
documentário que possuía como finalidade falar sobre a cidade de Itapetininga,
a partir do olhar rural e urbano, mas
com a inserção dos cegos do CEPREVI, o documentário teria um viés sensorial na
compreensão de cidade pela vivência do cego.
A
primeira pergunta que ouvi da comunidade foi: “mas, como fazer com que eles
filmem?, pois eles são cegos!”, foi justamente este o ponto de partida, mostrar
as inúmeras possibilidades de fazer e pensar a arte por via dos outros
sentidos.
Abaixo o teaser do
documentário Tecendo a Nossa História:
https://www.youtube.com/watch?v=0zHHOcwv4qs
Após a
estreia do documentário, minha inquietação permaneceu. E, assim, uma questão, como
pensar em uma cidade mais sensorial do que visual? Em 2014 ingressei no
doutorado do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas para pensar, refletir
e, sobretudo, experimentar essas práticas de vivência performática de
compreender a cidade de uma maneira mais investigativa e sensorial, dessa forma
o projeto possui como objeto de investigação a potencialização dos sentidos
(tato, audição, olfato e paladar) como meios de percepção da cidade de
Salvador, e os instrumentos para acessar o presente trabalho dar-se-á por meio
de performances arts que suprimem a visão. Em vista disso, a partir de um
conceito do qual me baseio encontrada na bibliografia de Renato Cohen, o
encenador/performer, buscarei me entender no processo de criação como um agente
criador e interventor no espaço urbano, agindo juntamente na criação de obras
artísticas.
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