sábado, 23 de maio de 2015

Intervenção no Campo Grande - Março de 2014








Intervenção Urbana – Processo inicial Cidade Cega, realizada no dia 27 de fevereiro de 2015, na Praça Campo Grande, Salvador – BA. Cada Ator/Performer criou uma ação performática para pensar outras maneiras de sentir a cidade, de viver a cidade, de pensar a cidade, de usar a cidade. Pensando que, a cidade é um espaço para todos, que todos tem direitos iguais. Mas será que isso é real?

Valmira está com o braço esquerdo levantado, Carlos em pé colocando fichas em braille pelo corpo de Valmira e Felipe agachado tirando foto. Foto: Victor Hugo Sá.


Na frente da Casa Branca da Escola de Teatro, próximo à fonte. Na frente, Val com o seu varal de bilhetes em Braille, atrás, Cláudio, Gilson, Rian, Cristina e Jamile. Foto: Victor Hugo Sá.




 Cristina sentada em um banco, em suas mãos um livro de cabeça para baixo, próximo a ela, a bengala entre seus braços, juntamente com folhas de papel em branco. Cristina usa calça, camisa e óculos escuros.





Foto pós as intervenções realizadas na Praça Campo Grande, dentro de uma sala da Escola de Teatro da UFBA. Na foto, da esquerda para direita: Felipe, Val, Carlos, Gilson, Jamile, Marcos, Rian, Cláudio, Cristina e Rutiara. Foto: Victor Hugo Sá.








De onde veio a ideia de trabalhar Cidade Cega?

Então, em 2013, no interior do estado de São Paulo, na cidade de Itapetininga, realizei um projeto intitulado Tecendo a nossa história, que contou com a participação da comunidade, tanto da zona urbana, quanto rural, e com os alunos do Centro de Pesquisa e Reabilitação Visual – CEPREVI. O projeto que teve apoio da Fundação Nacional de Arte - Funarte, resultou-se em um documentário, cuja as gravações das entrevistas, da cidade de Itapetininga, os registros históricos foram realizados pelos (as) alunos (as) participantes. O objetivo maior da vivência do projeto Interações Estéticas era pensar na relação da zona rural e urbana da cidade, uma vez que, no estado de São Paulo, Itapetininga está como uma das maiores cidades que possui um território rural.
Em vista disso, o início da proposta era justamente identificar o processo evolutivo da cidade, buscando o contraponto entre esses dois polos Rural e Urbano. Mas, quando fomos, – fomos é igual a Priscilla Leal e eu –, iniciar o projeto e conhecer o Ponto de Cultura Meninos da Porteira, nos deparamos com um espaço de estudo e reabilitação visual, ou seja, era uma instituição que trabalhava com pessoas cegas e de baixa visão. O projeto inicial enviado para Funarte nem se quer mencionava a questão de trabalhar com pessoas com deficiência, independente de qual deficiência fosse, entretanto, movido por um desejo e por ter experiência alguns anos com o público deficiente, em conversa com minha companheira e acordado entre ambos, convidei-os para participar do documentário que possuía como finalidade falar sobre a cidade de Itapetininga, a partir do olhar rural e urbano, mas com a inserção dos cegos do CEPREVI, o documentário teria um viés sensorial na compreensão de cidade pela vivência do cego.
A primeira pergunta que ouvi da comunidade foi: “mas, como fazer com que eles filmem?, pois eles são cegos!”, foi justamente este o ponto de partida, mostrar as inúmeras possibilidades de fazer e pensar a arte por via dos outros sentidos.
            Abaixo o teaser do documentário Tecendo a Nossa História:


https://www.youtube.com/watch?v=0zHHOcwv4qs


Após a estreia do documentário, minha inquietação permaneceu. E, assim, uma questão, como pensar em uma cidade mais sensorial do que visual? Em 2014 ingressei no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas para pensar, refletir e, sobretudo, experimentar essas práticas de vivência performática de compreender a cidade de uma maneira mais investigativa e sensorial, dessa forma o projeto possui como objeto de investigação a potencialização dos sentidos (tato, audição, olfato e paladar) como meios de percepção da cidade de Salvador, e os instrumentos para acessar o presente trabalho dar-se-á por meio de performances arts que suprimem a visão. Em vista disso, a partir de um conceito do qual me baseio encontrada na bibliografia de Renato Cohen, o encenador/performer, buscarei me entender no processo de criação como um agente criador e interventor no espaço urbano, agindo juntamente na criação de obras artísticas.